sábado, 24 de abril de 2010

Cor-de-rosa

Recolhida no meu canteiro,
o tempo trouxe um carteiro
e um recado vermelho.

Assustei-me.

- Velho carteiro, quem oferece-me
uma rosa?!

- Não sei, mas aceite.

- Já possuo espinhos demais. Esta rosa tem espinhos?

- Possui espinhos, como qualquer outra rosa,
mas depois que você os supera,
vale a pena... vale a pétala, o cheiro, a cor...

E o orvalho tomou-me os galhos, como de costume.
No meu canto, floresci em silêncio.
Foi a primeira vez que vi um carteiro noturno.
Talvez tenha sido a única hora que teve pra passar aqui.
E partiu, sorrindo pra mim, com suas mãos perfumadas.
Não sei porque, mas tive certeza que voltaria amanhã!

Longe, ouvi ruídos de primavera no balançar das folhas
caducas e molhadas; suor ou orvalho, nem sei...

Inquietei-me.

Então senti os espinhos me acariciarem e peguei no sono.
E no findar de um piscar de olhos a rua já ia clareando...
Comecei a sorrir igual ao carteiro
Agora, apenas espero o inverno me perdoar...


______

Tsc tsc...
Depois eu conto como é ser roseira.
Depois.